SEMINÁRIO TEOLÓGICO BATISTA

 

 

 

 

 

 

 

FAZEDORES DE TENDAS

(Uma reflexão missionária)

 

 

 

 

 

VITOR MANUEL RAMOS BISCAIA

Licenciatura em Teologia

Missões

 

 

 

Queluz, Novembro de 2007


SUMÁRIO

 

 

INTRODUÇÃO.. 3

1.  EXEMPLOS DO PASSADO.. 3

1.1.  Dos tempos Bíblicos. 3

1.2.  Do início do Movimento Missionário Moderno. 4

2.  O QUE TEM FUNCIONADO PARA NÓS.. 4

2.1.  Na cultura. 6

2.2.  Nas relações. 6

2.3.  Nas finanças. 7

3.  DESVANTAGENS RISCOS E PERIGOS.. 8

4.  UM CASO QUE NOS PODE SERVIR DE MODELO.. 10

5.  CONSIDERAÇÕES A TER EM CONTA PARA QUEM QUER ENVOLVER-SE.. 12

6.  TÓPICOS PARA DISCUSSÃO.. 12

CONCLUSÃO.. 13

 

 

 


 

INTRODUÇÃO

 

O desenvolvimento de uma actividade profissional como forma de criar relacionamentos e obter oportunidades para partilhar o evangelho possui um potencial muitas vezes descurado na estratégia tradicional de fazer missões. Quando pensamos em plantação de igrejas em localidades onde não haja nenhum testemunho evangélico (sem outras igrejas já plantadas) esse potencial fica ainda mais evidente uma vez que não existe à partida um conjunto de crentes dando testemunho no local onde vivem e trabalham. Por outro lado, o facto de as pessoas gastarem cada vez mais tempo no exercício das suas profissões (incluindo o tempo gasto nas deslocações até ao local de trabalho, sobretudo nas grandes cidades), e de, no casal, ambos os cônjuges trabalharem fora, faz-nos perceber as dificuldades encontradas pelos missionários que não exercem uma profissão. Se estabelecer contactos com este tipo de pessoas é cada vez mais difícil, desenvolver relacionamentos então, muito mais difícil será. E isto tão somente porque não efectuam os mesmos percursos, nem se movem nos mesmos ambientes.

O exercício de uma profissão no trabalho missionário não é coisa nova. Para lembrá-lo começaremos por mencionar dois exemplos.

 

 

1.  EXEMPLOS DO PASSADO

1.1.  Dos tempos Bíblicos

O apóstolo Paulo sempre se nos apresenta como modelo quando pensamos em mis­sionários. Em grande parte isso deve-se à sua flexibilidade que era determinada pela sua visão: “...Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns.” (1 Cor. 9:22). Por isso podemos encontrar nele tanto um modelo para os missionários de carreira que não exercem nenhuma profissão e se dedicam exclusivamente “à oração e ao ministério da palavra” (Actos 6:4), quanto para outro tipo de missionários cuja designação vem de uma profissão que Paulo exerceu em certa altura da sua vida, a de “fazedor de tendas”. Pela leitura das suas epístolas (1 e 2 Coríntios) podemos deduzir que uma das razões que o levou a esta situação foi a necessidade de auto-sustento. Isso teve vantagens e desvantagens, como tudo nesta vida.

A apologia por um determinado modelo em detrimento de outro não deverá ser o caminho certo. Serão as circunstâncias e as oportunidades que farão que em determinado momento um modelo seja preferível a outro, mas não necessariamente porque um é melhor que o outro, ou porque só tem vantagens e nenhuma desvantagem.

No caso de Paulo, se por um lado pode obter auto-sustento e contribuir para o crescimento espiritual dos seus companheiros de profissão Príscila e Áquila, por outro lado isso teve reflexos negativos na comunidade de Corinto que se tornou acomodada nas suas contribuições (1 Cor. 9).

 

1.2.  Do início do Movimento Missionário Moderno

 

Saltando para o movimento missionário moderno, deparamo-nos com William Carey, o pai das “Missões Modernas” que embora tenha partido para a Índia com a promessa de ajuda financeira de alguns cristãos, depressa se viu na necessidade de trabalhar para conseguir o seu sustento como supervisor de uma plantação de anil. Assim aprendeu a língua Bengali e cinco anos depois concluía a tradução do Novo Testamento.

 

Embora em ambos os casos a opção tenha sido feita por necessidade de auto-sustento, há que ver as oportunidades que esta opção lhes proporcionou em termos de contactos e rela­cionamentos com as pessoas em que a sua situação profissional os colocava. É exactamente para este aspecto que gostaria de chamar a atenção.

 

 

2.  O QUE TEM FUNCIONADO PARA NÓS

 

Mesmo levando em conta as limitações impostas pela perspectiva local da nossa experiência, cremos que pelo menos alguns aspectos do que iremos mencionar poderão continuar relevantes em outros locais fora da nossa região bem como do nosso país.

Também no nosso caso particular (e isto refere-se à nossa situação no ministério antes de entrarmos para a ECM) a razão de começarmos a exercer uma profissão em “part-time” deveu-se à necessidade de auto-sustento.

Na altura não imaginávamos até onde esta opção nos ia levar, uma vez que a razão da nossa opção tinha sido exclusivamente financeira. Foi com o exercício da nossa actividade profissional que começámos a ver as oportunidades que se nos deparavam e como elas venciam algumas barreiras que antes se nos tinham apresentado.

O nosso trabalho resultou de uma parceria com um irmão da igreja que possuía uma empresa de comercialização de electrodomésticos e móveis. Com esta parceria a empresa entrou no ramo da informática que ficou sob a minha responsabilidade (esta tinha sido a minha última profissão antes de ir para o Seminário e entrar no ministério de tempo integral). Assim passámos a comercializar computadores e a dar aulas de informática. Este trabalho era executado em regime de “conta própria” o que nos permitia ser donos do nosso tempo (até onde isso nos era possível). Tanto a comercialização quanto as aulas abriram-nos as portas para novos relacionamentos, agora não mais limitados aos relacionamentos com crentes como antes.

Uma das coisas mais interessantes nesta história é que o nosso mercado na altura abrangia uma das localidades desta região sem nenhum testemunho evangélico. Foi desenvolvendo esta actividade profissional que nasceu no meu coração o desejo de um dia alcançar o povo desta localidade com o evangelho de Jesus Cristo. Seis anos mais tarde, depois de muitas voltas no nosso ministério que passaram pela nossa entrada como missionários na ECM, estamos agora na localidade de Mora aproveitando alguns dos contactos feitos nessa altura e desenvolvendo relacionamentos que começaram então. Voltámos à informática, agora de forma independente e mais direccionada para a área de serviços (reparação e manutenção de computadores) e artes gráficas (jornais e webpages), não mais por razões primariamente financeiras, mas sim por causa das oportunidades de contacto e relacionamentos para partilhar o evangelho que esta actividade profissional nos proporciona.

Da nossa própria experiência podemos alistar as seguintes vantagens:

 

2.1.  Na cultura

2.1.1.  Vencer barreiras

 

Uma das particularidades culturais do Alentejo (região onde desenvolvemos o nosso ministério) é a de considerar os sacerdotes e demais religiosos como parasitas. Este conceito é bastante antigo na cultura alentejana e foi agravado com o domínio da ideologia comunista nestas paragens após a revolução de Abril de 74. Quase todos os padres católicos no Alentejo exercem uma profissão (normalmente relacionada com o ensino). Há poucos praticantes e as contribuições financeiras são menos ainda.

O facto de um missionário evangélico chegar a ser conhecido primeiro como profissional permite vencer esta barreira cultural.

 

2.1.2.  Perceber as mudanças

 

A nossa sociedade está mudando a um ritmo muito maior que em tempos passados. O exercício de uma profissão como aquela que desenvolvemos, e portanto o convívio com incrédulos daí resultante, possibilita uma maior percepção dessas mudanças culturais e de pensamento.

 

2.2.  Nas relações

 

Numa localidade onde chegamos pela primeira vez, o exercício de uma profissão aumenta muito mais a facilidade de estabelecer contactos e desenvolver relacionamentos. No nosso caso, e porque nesta fase usamos a profissão como estratégia para fazer contactos e não tanto para ganhar dinheiro, optámos pelos serviços (porque nos põe em contacto com mais gente) e apostámos na reparação “on site” que nos permite entrar (literalmente) na casa dos clientes e muitas vezes conhecer o resto da família e até (como tem sido o caso) observar certos episódios que nos dão oportunidade de entrar em conversas sobre valores, educação de filhos, e, em alguns casos, uma conversa evangelística de fundo (é maravilhoso quando Deus abre as portas!).

 

2.3.  Nas finanças

 

Claro, também há vantagens financeiras, ainda que não as busquemos em primeiro lugar. No nosso caso essa vantagem tem-nos permitido:

 

2.3.1.  Maior mobilidade

 

Aqui no Alentejo as distâncias entre localidades são maiores que em outras zonas do país, os recursos estão dispersos, e o automóvel é, quase sempre a única solução. Gasta-se muito em combustível.

 

2.3.2.  Abençoar outros

 

Destinamos vinte por cento dos lucros gerados pela nossa actividade profissional para a obra missionária. Parte é investido no nosso próprio projecto de plantação da igreja em Mora, outra parte é enviada a outros projectos missionários. Além disso a retoma de peças de computadores que actualizamos tem-nos permitido reconstruir alguns computadores para oferecer a obreiros cristãos que não têm possibilidade de comprar computadores novos.

 

2.3.3.  Utilizar recursos “topo de gama”

 

Como lidamos com tecnologia, temos acesso a esses recursos a preços de custo. Além disso não precisamos de nos “encurtar” na aquisição de materiais didácticos, livros, etc. (que no caso português são bastante caros pois são quase todos importados do Brasil).

 

 

Da experiência de outros podemos acrescentar ainda algumas outras vantagens. É o caso do Dr. Howard Mattson-Boze que com base na sua experiência em Teerão escreve o seguinte:

 

Tais pessoas não são identificadas como pastores ou como pessoas que recebem pagamento para difundir a sua religião.

No decorrer do desempenho do seu trabalho, com frequência entram em contacto com camadas da sociedade, as quais os missionários normalmente não atingem: homens e mulheres em diversas profissões, intelectuais, operários, professores universitários.

Em geral, eles têm uma situação económica melhor do que a dos missionários regulares e, em muitos casos, recebem um bom salário do governo ou da sua empresa, embora haja excepções.

O investimento financeiro que a igreja no seu país ou no exterior precisa fazer no apoio a este ministério, quando se faz necessário, é irrisório.

As conquistas realizadas na sua área profissional podem compensar as frustrações e desestímulos que podem vir a acontecer no decorrer do testemunho cristão noutros países (como em muitas áreas muçulmanas). Eles estão livres para atender a certas necessidades que podem não constar no programa de uma agência missionária.[1]

 

 

3.  DESVANTAGENS RISCOS E PERIGOS

 

Nem tudo são rosas nesta opção de ministério. É nossa experiência que os riscos também são muitos, e há algumas desvantagens.

O primeiro perigo pode ser um coração dividido. A possibilidade de conflitos entre o exer­cício da profissão e do ministério é grande. Satanás sabe disso e tentará usá-los contra nós.

Dependendo da profissão que é exercida (mais ou menos stressante) poderá haver pouca concentração na oração. A disponibilidade mental necessária à reflexão e contemplação poderá não existir, e ela faz muita falta ao missionário. Pessoalmente enfrento muitas vezes esse perigo. A necessidade que tenho de intercessores pelo meu ministério é muito grande, porque eu mesmo sou muito mais frágil nesta área do que gostaria de ser, e a eficácia do meu ministério depende mais disso do que de outra coisa qualquer.

Outra desvantagem é que o missionário tem menos tempo para estudos aprofundados. Se está em início de carreira e não teve oportunidade de exercer um ministério de tempo integral antes, poderá ressentir-se nesta área, embora o trabalho pioneiro não exija propriamente um “teólogo”.

Pode haver também pouco tempo para o lazer e para contactos sociais. Se estivermos a falar de um missionário com família e com filhos em idade escolar, este é um aspecto a considerar com muito cuidado devido ao risco de deixar a família para trás.

Pode ainda haver prejuízo para o discipulado, pois a falta de tempo para fazer tudo, e sobretudo bem feito, será sempre uma luta enfrentada pelo missionário “fazedor de tendas”.

Finalmente, o facto de exercer uma profissão que torna o missionário auto-sustentado pode deixar o caminho mais fácil para o rompimento com a missão de suporte no caso de divergências (embora ficar por dependência financeira também não seja melhor).[2]

 

Algumas iniciativas podem ser tomadas para minimizar estes riscos. A formação de equipas de missionários pode ser uma delas. Se essas equipas forem mistas, em que pelo menos haja um missionário de tempo integral, muitas destas dificuldades poderão ser minimizadas.

Certas profissões são mais adequadas que outras e oferecem menos perigos para os “fazedores de tendas”. É o caso de profissões altamente remuneradas que possibilitam o “part-time” e minimizam as desvantagens de falta de tempo. Trabalhar por conta própria ou desenvolver o seu próprio negócio possibilita maior flexibilidade em muitos sentidos embora aumente a necessidade de domínio próprio. Profissões relacionadas com o ensino, professores, educadores (seja no ensino oficial, seja em escolas de línguas ou informática, etc.), normalmente também encaixam bem com o ministério e possibilitam contactos normalmente muito relevantes.

 

 

4.  UM CASO QUE NOS PODE SERVIR DE MODELO

 

J. Christy Wilson, Jr. no seu livro “Fazedores de Tendas Hoje!” descreve vários casos de agências missionárias com estratégias nesta área dos “fazedores de tendas”. Dentre eles transcrevemos o caso da Missão para o Norte de África por nos parecer que contém algumas ideias que nos poderão ajudar.

 

William Bell, vice-director geral da Missão para o Norte da Africa, escreve da França:

 

Há cerca de dez anos, temo-nos envolvido directamente com este tipo de projecto e estamos prevendo que, num futuro próximo, ele se tornará a actividade mais importante de todo o nosso ministério. Nós acreditamos tanto neste tipo de abordagem, que chegámos a criar uma classe de filiados que chamamos de Obreiros de Serviço Especial. Estas pessoas são membros plenos da missão. De entre cerca de cem dos nossos missionários, doze enquadram-se nesta categoria. Todos eles tinham adquirido algum tipo de experiência missionária antes de obterem os seus empregos e, desta forma, estavam preparados para aprender idiomas e receber orientação sobre questões culturais. A nossa premissa básica é que estamos procurando pessoas que tenham um profundo compro­misso de servir ao Senhor e que estejam dispostas a lançar mão de todo o treinamento e experiência que tenham adquirido a fim de encontrar oportunidades de trabalho. No seu sistema de prioridades pessoais, o seu envolvimento com o ministério espiritual terá que ter primazia sobre o desejo de exercer a sua profissão. Eles estarão preparados para oferecer um período de tempo significativo (de dois a quatro anos) para o aprendizado necessário da língua e da cultura, mesmo que isso implique, temporariamente, num afastamento da profissão. Nós cremos que a filiação a uma missão como a nossa oferece grandes benefícios a essas pessoas: constante comunhão e orientação espiritual; ajuda administrativa, tanto em seu próprio país como no exterior; uma maior possibilidade de fazer parte de um ministério que terá continuidade; a oportunidade de desenvolver outro ministério, de carácter provisório, sempre que um determinado trabalho tenha sido concluído. Nós oferecemos aos Obreiros de Serviço Especial a garantia de os colocar na nossa lista de sustento missionário sempre que eles tenham terminado um serviço e estejam sem emprego. Principalmente por esta razão, nós os encorajamos a obter apoio financeiro e de oração da mesma forma que os demais missionários.

Já tivemos várias experiências nas quais este princípio foi posto em prática. Certo médico missionário, por exemplo, foi expulso do Marrocos, onde havia exercido a sua profissão, dando consultas particulares por vários anos. Ele e a sua família receberam sustento missionário regular durante cerca de 18 meses até ele encontrar outro emprego num hospital do governo, na Tunísia. Outro caso é o de uma professora de Inglês que tinha ensinado na Tunísia e que passou um ano sem trabalhar para fazer o seu mestrado. Durante esse período, recebeu sustento missionário regular.

O nosso Conselho Internacional aprovou a ideia de organizarmos um seminário anual para profissionais cristãos, com ênfase no preparo para a adaptação cultural e auxílio para o desempenho de um testemunho eficaz. Estes seminários (com a duração de dois ou três dias) serão destinados basicamente a pessoas que estão indo para o Norte da África, mas também estamos interessados em receber pessoas que estão partindo para o Oriente Médio...

 

O Rev. Abram Wiebe, director geral da mesma missão, declara:

 

As pessoas que se apresentam com tais qualificações deveriam estar devidamente vinculadas a uma missão existente, quer como membros associados, ou como membros comuns. Deste modo, elas poderão ser criteriosamente seleccionadas, integradas à vida no exterior, o seu ministério será divulgado, receberão uma orientação adequada, serão apoiados como qualquer obreiro de tempo integral, encontrarão um grupo com o qual terão uma identificação mútua, serão alvo do cuidado pastoral como qualquer outra pessoa numa agência missionária. Não sou favorável à ida de uma pessoa independente que parte e planta uma igreja sob a sua própria direcção e sem qualquer supervisão. Um missionário fazedor de tendas precisa reconhecer que os riscos existem. Se ele for eficiente no seu trabalho secular, muito provavelmente, dentro de poucos anos, lhe pedirão que parta.[3]

 

 

5.  CONSIDERAÇÕES A TER EM CONTA PARA QUEM QUER ENVOLVER-SE

 

O missionário que possui uma actividade profissional tem o seu ministério facilitado quando tem por objectivo estabelecer contactos e desenvolver relacionamentos, mas, por outro lado, enfrenta desafios que, quando não alcançados, podem comprometer esse mesmo ministério. Por isso quem desejar ser missionário desta forma deve:

 

1.      Ser um excelente profissional e ganhar fama disso.

2.      Ser realmente um missionário (o seu coração tem de arder pelos perdidos)

3.      Exercer domínio próprio. O domínio próprio (uma das características do fruto do Espírito) tem de ser bem evidente na vida do missionário “fazedor de tendas” para não deixar que a profissão tome o tempo todo (sobretudo se é exercida por conta própria ou com isenção de horário).

4.      Ser capaz de trabalhar até doze horas por dia (às vezes mais) se a sua profissão é de horário fixo e por conta de terceiros.

5.      Acreditar que Deus suprirá as suas necessidades financeiras quando tiver de deixar o trabalho para cumprir o ministério.

 

 

6.  TÓPICOS PARA DISCUSSÃO

 

1.      Apoio financeiro a “fazedores de Tendas” em part-time.

·      Vantagens e perigos

·      Como angariar e estimular contribuintes

2.      Consagração à oração e ao ministério da Palavra. O perigo de deixar de depender de Deus.

3.      Aproveitar os crentes para usar no trabalho missionário, ou preparar missionários para exercerem uma profissão remunerada?

 

 

CONCLUSÃO

Defender ou promover o ministério de “fazedores de tendas” pode ser entrar num terreno muito instável. Esta forma de fazer missões pode ser muito boa e também pode ser um desastre. Mas o ministério dos missionários de carreira a tempo integral também tem perigos e desvantagens que nem sempre são devidamente equacionados. O comodismo ou acomodação, o desânimo, certo afastamento da realidade poderão ser alguns deles. Por isso, combinar estes dois tipos de missionários em equipas mistas, poderá potencializar as vantagens de cada um e minimizar as desvantagens.

No que diz respeito especificamente à plantação de igrejas em zonas não antes alcançadas pelo testemunho evangélico, a minha proposta é para que o exercício de uma profissão por parte dos missionários envolvidos passe a ser uma opção estratégica por causa das oportunidades de contacto e relacionamento que proporciona e não uma opção justificada pela necessidade de auto-sustento.

 

 

 



[1] Mattsson-Boze, “Self-supporting Missionaries”, citado por J. Christy Wilson, Jr em “Fazedores de Tendas Hoje! O auto sustento - Um modelo alternativo para o testemunho mundial” p. 67 versão em língua portuguesa publicada no Brasil pela Editora SEPAL, São Paulo, 1992. do original em inglês “Today’s Tentmakers. Self-support: An alternative model for worldwide witness” Tyndale Publishers, Wheaton, Illinois, 1979.

[2] As desvantagens que alistámos referem-se aos missionários que desenvolvem uma actividade profissional. Mas há também aqueles “fazedores de tendas” cujo compromisso principal é com a sua profissão e que, ao serem enviados ao estrangeiro desejam desempenhar bem o seu papel de cristãos, fazendo trabalho missionário. J. Christy Wilson, Jr, op. cit. p. 65-67 lista 13 desvantagens que os cristão nesta situação enfrentam.

[3] Wilson Jr., J. Christy. Fazedores de Tendas Hoje! O auto sustento - Um modelo alternativo para o testemunho mundial p. 95-97 Editora SEPAL, São Paulo, 1992. Tradução do original em inglês “Today’s Tentmakers. Self-support: An alternative model for worldwide witness” Tyndale Publishers, Wheaton, Illinois, 1979.