INTRODUÇÃO
I – SITUAÇÃO E AUTORIA
II – GÉNERO E ESTRUTURA
III – ANÁLISE E COMENTÁRIO
3.1
– Da introdução
3.2
– Da narração
3.3
– Da argumentação
3.4
– Da conclusão
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
APÊNDICE: Sermão “A Natureza do Corpo
Ressuscitado”
A proposta que nos foi feita de analisarmos um trecho do Novo Testamento sob perspectiva retórica, ou recorrendo à hermenêutica retórica é ao mesmo tempo desafiante e apaixonante.
O desafio começa quando os primeiros passos no conhecimento da retórica são dados. Descobrir o manancial de sabedoria cultivada durante séculos na arte de bem falar, e que, durante séculos, caracterizou o ensino tradicional, é um desafio. Dados os primeiros passos fica-nos a sensação da necessidade de aprofundar mais e mais tão rico manancial.
A paixão desabrocha quando, com um texto em mente, este se abre diante de nós pela utilização das ferramentas da retórica. De repente quedamo-nos surpresos diante da abundância de figuras e padrões de argumentação retórica, que sempre estiveram lá, e que nunca antes tínhamos visto.
Ao olharmos para trás, para a história, parece inacreditável que alguma vez tivéssemos virado as costas de forma tão definitiva a um facto tão lógico como é este que agora nos faz voltar às origens. Tendo os escritores do Novo Testamento aprendido a escrever e a discursar segundo o método da época, e sendo que esse método era o método retórico, o mais natural e lógico será ler esses textos sob a mesma luz em que foram produzidos, ou seja, segundo o método retórico. Foi assim que estes textos foram entendidos pelos cristãos primitivos. Os primeiros pais da Igreja não conheceram outra forma de encarar estes textos que fizesse sentido, senão como textos de composição retórica. E assim foi não só no princípio, mas até aos primeiros tempos do período da Reforma. Por isso o que nos surpreende agora, foi algo muito natural e até mesmo necessário, até ao final do século passado.
É consciente das limitações que a um iniciante assistem, e numa mistura de desafio e paixão, que decidimos entrar pelo texto de Paulo aos Coríntios, no capítulo 15, procurando trazer luz sobre o mesmo usando os candeeiros do passado recuperados no presente.
Procuraremos situar este texto no contexto da epístola, e esta no contexto da época e da situação em que o seu autor o produziu. Daí passaremos para a definição do género e da estrutura deste discurso, e depois para a sua análise e comentário. Terminaremos com uma tentativa de aplicação prática do trabalho produzido.
I – SITUAÇÃO E AUTORIA
A
epístola aos Coríntios é uma epístola aos crentes habitantes de uma das cidades
mais cosmopolita de então. A localização desta cidade fazia dela um ponto
estratégico na rota comercial de Roma para o Oriente, mas não só, pois ali se
cruzavam várias outras rotas comerciais. Destruída pelos romanos em 146 a. C.,
viu-se reerguida como colónia romana um século mais tarde.
A sua
população, constituída inicialmente por romanos, foi-se alargando para incluir
gregos, judeus e outras raças orientais. Embora fosse uma cidade romana, os
hábitos gregos de pensamento tornaram-se dominantes como se percebe pelas “questões
levantadas na correspondência de Paulo com os Coríntios, e pela maneira como
são tratadas”[1].
A principal
característica desta cidade, e pela qual ficou conhecida, era a licenciosidade.
Leon Morris descreve-a como cosmopolita, importante, intelectualmente viva,
materialmente próspera e moralmente corrupta. “Os seus habitantes eram pronunciadamente
propensos a satisfazer os seus desejos, fossem de que espécie fossem”[2].
Isso explica em parte porque é que Paulo enfrentou tantos problemas com os
crentes desta cidade. Tendo estado naquela cidade por duas vezes, segundo o
relato de Atos 18 e 20:1-3, manteve correspondência com aquela Igreja em várias
ocasiões. Deles recebeu várias cartas, e das que lhes escreveu, duas chegaram
até nós.
O
trabalho de Paulo entre os coríntios começou na sinagoga, mas a sua pregação
não foi bem aceite. Ele teve que abandonar a sinagoga e passar a reunir-se na
casa de Justo que ficava ao lado. Ainda assim alguns judeus se converteram,
entre eles o principal da sinagoga e Áquila e Príscila (embora estes possam
ter-se convertido anteriormente). Mas a grande maioria dos crentes proveio de
coríntios anteriormente pagãos.
A
nossa primeira carta de Paulo aos Coríntios não foi realmente a primeira que
lhes escreveu como vemos em I Cor. 5:9. Foi escrita de Éfeso, provavelmente um
ano depois da sua chegada ali, ou seja, no ano de 55 A. D.[3],
com o objectivo de condenar as divisões que ali estavam surgindo (de que teve
conhecimento pela família de Cloé (I Co. 1:11), repreendê-los pela
contemporização deles para com os problemas morais existentes entre eles e para
responder a várias perguntas que eles lhe tinham colocado (I Co. 7:1). É
certamente no âmbito destas respostas que podemos enquadrar o capítulo 15,
objecto do nosso estudo. Dúvidas estavam a ser levantadas quanto à realidade da
ressurreição. Pelos vistos haveria ou estaria a ser ensinado um certo
cepticismo filosófico que se revelava contrário sobretudo a doutrinas bíblicas
como esta da ressurreição.
Os
gregos há muito que ensinavam a imortalidade da alma, e esta ideia era mais ou
menos respeitada na cultura grega. Mas os ensinamentos dos judeus sobre a
ressurreição dos mortos, na sua maior parte continham noções estranhas para os
gregos. É verdade que o gregos tinham, nalguns dos seus mitos, narrações sobre
ressurreições, mas mesmos esses mitos não deviam estar a ser levados muito a
sério por esta altura, além de que eles faziam parte da religião pagã e não da
filosofia grega[4].
Certo
é que Paulo sentiu necessidade de abordar o assunto e esclarecer as coisas. Que
pessoa ou que grupos estariam por detrás deste problema de incredulidade, não
temos dados suficientes para saber. O Novo
Testamento Interpretado apresenta três hipóteses com base em outros textos
do Novo Testamento:
1) Poderiam ser judeus saduceus, ou discípulos seus (Ex. Mat. 22:23)
2) Poderiam ser crentes que imaginavam que
a ressurreição já ocorrera não havendo razão para esperança futura (Ex.: II
Tim. 2:17,18)
3) Ou as classes intelectuais, ou aqueles
por elas influenciados que, como os habitantes de Atenas, zombavam da ideia da
ressurreição (Ex.: Atos 17:32).[5]
O mais provável é que todas estas ideias juntas, dos saduceus, de Himneu e Fileto, e dos intelectuais de Atenas, tenham formado o ambiente necessário ao surgimento da incredulidade na ressurreição dos mortos.
Quanto
à autoria desta epístola, existe uma unanimidade quase total. Leon Morris cita
Robertson e Plummer que escrevem: “Tanto as provas externas como as internas em
prol da autoria paulina são tão fortes, que os que tentam mostrar que o
apóstolo não é o autor conseguem provar principalmente a sua incompetência como
críticos”[6].
Diante desta unanimidade, ficamos por aqui quanto à questão da autoria.
II – GÉNERO E ESTRUTURA
Na
definição da estrutura retórica deste capítulo não deixamos de evidenciar uma
certa, ou quase total, colagem à estrutura apresentada por Burton Mack. Em
parte, tal deriva de estarmos a dar os primeiros passos na análise retórica e
não possuirmos portanto o traquejo que eventualmente nos poderia levar à
descoberta de um padrão diferente do apresentado por tão renomado autor. Por
outro lado, ainda que tal capacidade de domínio da análise retórica nos
assistisse, dificilmente chegaríamos a uma estrutura diferente uma vez que este
tem sido considerado um texto paradigmático em termos de estrutura retórica por
reflectir aquilo que B. Mack diz ser um “perfeito exemplo de retórica” [7].
A
nossa própria experiência em aula confirma a precedente afirmação. Tendo optado
primeiramente por um trabalho sobre Efésios quando nada ainda sabíamos sobre
hermenêutica retórica logo I Cor. 15 brilhou em nossa mente e se tornou opção
definitiva assim que, apresentados aos “modelos de argumentação” estes foram
por nós assimilados.
O
género deste discurso de Paulo é sem dúvida deliberativo. No entanto Paulo usa
aqui algumas estratégias do modelo forense, por exemplo, ao antecipar perguntas
dos seus opositores como no versículo 35, o que, segundo B. Mack, só reforça o
argumento de Paulo.
É por
isso não muito difícil verificar a existência de um proémio nos v. 1 e 2, uma
narração dos v. 3 a 20, a argumentação dos v. 21 a 50 e uma conclusão a partir
do v. 51 que termina com a admoestação do v. 58.
III – ANÁLISE E COMENTÁRIO
3.1. A
introdução dos v. 1 e 2 contém os
elementos clássicos do proémio do discurso oratório: Assim reconhece-se a situação,
que neste caso se constitui na necessidade de lembrança do evangelho que ele,
Paulo, já anteriormente tinha anunciado e que estava a ser deturpado pela
omissão de aspectos fundamentais; Definem-se os ouvintes como sendo aqueles que
tinham recebido esse evangelho anunciado, e no qual ainda permaneciam, pelo que
Paulo os trata por irmãos; E apresenta-se o autor, aquele que anuncia o
evangelho.
Paulo
não se estende aqui na apresentação da sua pessoa o que se compreende porque,
embora este discurso tenha uma unidade própria, não deixa de estar inserido no
todo mais alargado da epístola e, no início desta (1º capítulo), ele já tinha
dissertado mais alargadamente sobre a sua pessoa e seu proceder (ministério)
ficando aí claramente definida a “ethos
do orador”.
3.2. A
partir do v. 3 desenvolve-se a narração
que resulta da introdução quase necessariamente tal é a força do encadeamento
crescente das frases anteriores. Paulo tinha-lhes anunciado o evangelho:
e no qual também permaneceis
pelo
qual também sois salvos”
Tudo
isto se retivessem o evangelho tal como ele o havia anunciado. Doutra forma
estariam a crer em vão.
Paulo
passa então a narrar como é que a pregação do evangelho, incluindo a
ressurreição de Cristo, chegara até eles. Começa com a morte de Cristo e a
razão que a originou (os nossos pecados) para logo atingir a questão a tratar e
que é fulcral no evangelho: A ressurreição de Cristo. Afirma-a e narra uma
série de testemunhos oculares: de Pedro, dos doze, de quinhentos irmãos, de
Tiago, de todos os apóstolos, e, finalmente, dele próprio; para então rematar -
foi assim que pregámos, e foi assim que vocês creram, e assim passa à
formulação do problema: “Alguns dizem que não há ressurreição de mortos”.
A questão é
então, como observa B. Mack[8]
“a ressurreição de mortos” e não a ressurreição de Cristo, chamando a atenção para
a forma como Paulo usa uma série de argumentos dependentes em cadeia (sorites)
para encadear a sua argumentação a partir do evangelho apresentado (kerygma)
até à ressurreição de mortos, por forma a assegurar que não era a proclamação
do evangelho (kerygma) que estava em causa, mas sim a ressurreição de mortos.
Por isso parte da observação de que “se não há ressurreição de mortos, também
Cristo não ressuscitou” para encadear
a sequência:
“Se Cristo não ressuscitou, a pregação
é vã.
Se a pregação é vã, então a vossa fé é
vã.
Se a fé é vã, então ainda permaneceis
nos vossos pecados.
Se o pecado é vitorioso, então os
mortos estão perdidos.
Se
este é o caso, então somos miseráveis (dignos de dó)”[9].
Esta
sequência termina com uma nota emocional (patética) “Cristo ressuscitou dos
mortos” v.20a, o que, segundo B. Mack “mostra que o argumento de Paulo tem a
intenção, não de dar razões para a fidedignidade do kerygma mas, de o proteger de qualquer questionamento”[10],
deixando ainda nas entrelinhas a “insinuação de culpa de falso testemunho
perante Deus se Deus de facto não ressuscitou Jesus como os apóstolos tinham
testificado”[11].
E
desta forma Paulo dá lugar à formulação da sua tese baseado no facto da ressurreição de Cristo: Cristo ressuscitou e foi feito as primícias dos que dormem.
3.3. A
argumentação de Paulo por forma a
demonstrar a sua tese desenvolve-se a partir do v. 21 iniciando com uma comparação
paradigmática entre Adão e Cristo em que uma semelhança e um contraste são
estabelecidos. Essa comparação fica ainda mais evidente pelo paralelismo
observado entre os v. 21 e 22.
A
morte veio por um homem – a ressurreição veio por um homem
Todos
morrem em Adão – todos são vivificados em Cristo
Este é
um bom exemplo onde análise retórica e o reconhecimento do uso das figuras de
linguagem retórica pode ajudar na interpretação de certas dificuldades
textuais. É o caso da frase “todos são vivificados em Cristo” que tem sido
interpretada por alguns como apoio para o universalismo (todos serão salvos).
Ora há muito mais legitimidade para interpretar “vivificados” como sinónimo de
ressuscitados do que de salvos. Os termos são paralelos nesta estrutura.
Atribuir significado diferente a cada um destes termos quebraria a lógica da
argumentação e o equilíbrio da estrutura.
Voltando
à linha de argumentação de Paulo, Adão e Cristo são aqui apresentados como
símbolos corporativos ou cabeças federais da raça humana e a semelhança e o
contraste estabelecidos. A semelhança é que ambos são símbolos corporativos:
por um veio a morte, por um veio a ressurreição. O contraste está
no que cada um traz: um a morte, outro a ressurreição. O que é
exemplo da argumentação pelo seu contrário: se um trouxe a morte o outro traz a
ressurreição. Adão ao morrer foi precursor da morte que passou a todos os
homens. Cristo ao ressuscitar é precursor (ou primícias, na expressão de Paulo)
da ressurreição. Ou seja, por analogia com Adão, Cristo é tanto as primícias
dos que estão mortos e irão ressuscitar, como Adão foi o primeiro dos que
estavam vivos e viriam a morrer.
Deste
argumento, Paulo parte para a descrição de uma série de eventos escatológicos
pela ordem em que irão ocorrer, que começam com a ressurreição de Cristo (as
primícias), voltando a usar, diz B. Mack, “outra sorites, consistindo esta de uma série ordenada de eventos
escatológicos”[12]. Essa série
prossegue com a ressurreição dos
mortos, depois com a celebração da vitória de Cristo e do seu reino sobre todos
os inimigos, e culmina com a grande sujeição de todas as coisas a Deus. Um
crescendo de intensidade que B. Mack define como apelando “claramente a um
senso de exuberante vindicação”[13]
que atinge intencionalmente a “pathos” do leitor (ouvinte).
Paulo
prossegue com a sua argumentação incluindo três exemplos, duas analogias e uma
citação, seguindo assim a estrutura clássica de argumentação no discurso
retórico.
Os
exemplos são colocados em forma de perguntas retóricas. Se os mortos não
ressuscitam, porque se baptizarão pelos mortos aqueles que o fazem? Porque
haverá ele, Paulo, de enfrentar perigos constantes? De que lhe adianta
enfrentar as bestas em Éfeso? B. Mack diz ser esta a parte mais fraca na argumentação
de Paulo por serem estes exemplos mais questões do que provas, mas que Paulo,
para os fazer aparecer como importantes exemplos de suporte para a fé na
ressurreição, imediatamente introduziu o contraste com aqueles que só se
preocupam em comer, beber e gozar a vida, passando a citar uma advertência de
Menandro, um autor pagão que expressou rica sabedoria prática, extraída da sua
comédia denominada “Thais” (300 a. C.)[14]:
As más companhias corrompem os bons costumes”. E esta linha de argumentação
através de exemplos termina com o veemente apelo do v. 34 que é mais um exemplo
do uso que Paulo faz da pathos para
reforçar um argumento mais fraco[15].
Seguem-se
as analogias que surgem na sequência da antecipação de uma eventual objecção
dos seus ouvintes: “Como ressuscitarão os mortos? e com que corpo virão?”
A
primeira é a da semente. A planta não nasce se primeiro a semente não morrer. A
ressurreição prova-se pela ordem inversa: porque a morte veio, a ressurreição
virá. Se isto responde à primeira pergunta, o versículo seguinte responde,
também por analogia, à segunda. O corpo com que ressuscitaremos será diferente,
de alguma forma, daquele que tínhamos, tal como a planta que nasce não é
exactamente como a semente que, morrendo, lhe deu origem. Este raciocínio leva
Paulo à analogia dos diferentes tipos de corpos.
Nesta
linha de argumentação Paulo parte da distinção entre vários tipos de corpos
(carne dos homens, carne dos animais, carne dos peixes, carne das aves) para a
distinção entre corpos terrestres e corpos celestes, a fim de chegar, por analogia,
à distinção entre corpo físico e corpo espiritual, através de uma série de
antíteses que juntam as figuras de corpo e semente:
Semeia-se o corpo em corrupção
ressuscitará em incorrupção
ignomínia glória
fraqueza vigor
animal espiritual
A
argumentação de Paulo termina com uma citação de Gen. 2:7 que vem mesmo a
encaixar nesta sequência uma vez que relata como o homem, vindo do pó da terra,
se torna alma vivente. Só que essa citação levanta um problema. Como B. Mack
bem lembra, este argumento não é melhor do que a analogia da semente, uma vez
que o ser vivente não é o corpo ressuscitado[16].
Além disso, Paulo já se tinha referido anteriormente a Adão (na formulação da
tese) como aquele que tinha trazido a morte e não a vida. A estratégia de Paulo
para ultrapassar estas questões embaraçosas é introduzir a necessidade de um
arranjo sequencial
e
fechar a argumentação com a declaração de que “a carne e o sangue não podem
herdar o reino de Deus, nem a corrupção herda incorrupção” v. 50.
3.3. A
conclusão do discurso de Paulo
começa com uma descrição escatológica da ressurreição. Tudo começará ao soar a
última trombeta. Os mortos ressuscitarão e os vivos serão transformados. A
ressurreição, como Paulo acabou de provar, já implica um corpo incorruptível,
mas no caso dos vivos, que, não passando pela morte não passam pela ressurreição,
há necessidade de uma transformação. É necessário que o “corruptível se revista
da incorruptibilidade e o que é mortal se revista da imortalidade” v. 53.
Prossegue com uma citação da profecia de Isaías (25:8) e da profecia de Oseias
(13:14) que terá o seu cumprimento exactamente quando os acontecimentos atrás
descritos se derem. Será o fim da morte e a vitória sobre o inferno e o pecado.
Esta
empolgada declaração de vitória faz Paulo terminar com uma palavra de acção de
graças a Deus e leva à exortação final do v. 58 “Portanto meus amados irmãos,
sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o
vosso trabalho não é vão no Senhor”.
Para
quem, pela primeira vez, tem contacto com a análise retórica, não deixa de ser
surpreendente verificar como cada parte, cada versículo, cada frase num
discurso como o que acabámos de realizar, cumpre os requisitos e propósitos da
argumentação retórica. Tudo parece ter sido cuidadosamente elaborado a fim de
se conformar com as regras pré-definidas da teoria retórica clássica, e é
interessante como tudo flui, desde a afirmação da tese, sua argumentação e
defesa, até à conclusão e exortação final.
Este
capítulo sempre tem sido considerado como belo e tremendo por todos os
comentaristas e críticos independentemente das escolas a que pertencem. A
presente análise levou-nos a perceber até que ponto a forma como este capítulo
está escrito, ou seja a sua estrutura retórica, as analogias, os exemplos, os
paralelismos, as citações, etc., contribui para essa beleza.
Ainda
assim não podemos esquecer o aspecto da inspiração. Se para alguns esse aspecto
fica completamente à margem das suas elaborações críticas, e apenas o homem
Paulo é feito sobressair pela habilidade humana de trabalhar com palavras e
argumentos, para nós, cremos que o Espírito Santo teve um papel muito
importante potencializando as capacidades naturais e intelectuais do apóstolo.
Paulo evidencia estar consciente desse facto como o demonstram as afirmações
como as do capítulo 2:
“quando fui ter convosco... não fui com sublimidade de palavras...” v.1.
“A minha palavra e a minha pregação não
consistiu em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de
Espírito e poder” v. 4.
“... também falamos, não com palavras
de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina...” v. 13.
Mas se
a análise retórica se mostra uma mui útil ferramenta para a desmontagem e
compreensão de um texto que foi originalmente construído retoricamente,
igualmente se tornará útil na sua reconstrução para retransmissão
contemporânea.
É na
tentativa de demonstração dessa utilidade que produzimos o sermão anexo a este
trabalho que parte da pergunta, antecipada por Paulo, dos seus opositores:
“Como ressuscitarão os mortos? E com que corpo virão?”. Concentrámo-nos na
segunda parte da pergunta “com que corpo virão?” e fizemos o sermão responder à
mesma. Utilizámos a gradação visível no uso das analogias para a elaboração dos
tópicos e fizemos com que estes reflectissem esse crescendo de intensidade
elaborando-os de modo a que cada tópico, depois do primeiro, repetisse o anterior
e acrescentasse mais informação. Usámos as analogias da semente e dos vários
tipos de corpos como sub tópicos para desenvolvimento do primeiro tópico, as
antíteses dos versículos 42 e 43 como sub tópicos para desenvolvimento do
segundo tópico, e as citações de Génesis e a comparação entre Adão e Cristo
para desenvolvimento do último tópico. Na conclusão do sermão utilizámos as
acções de graças do v. 57 e a exortação do v. 58.
APÊNDICE
RESSURREIÇÃO
A Natureza do Corpo
Ressuscitado
I Cor. 15:35-49
INTRODUÇÃO:
Há alguns anos atrás tive a
oportunidade de ver uma reportagem televisiva sobre o congelamento de corpos.
Um médico Norte Americano apresentou há
uns bons anos atrás a tese de que se uma pessoa fosse congelada depois de sua
morte, mas antes da morte clínica, isto é depois do seu coração parar, mas
antes das suas células cerebrais serem destruídas, (o que começa a acontecer a
partir de vinte minutos após a paragem do coração) essa pessoa poderia ser
ressuscitada posteriormente, quando houvesse cura para a doença que a houvera
vitimado.
Tal teoria caiu um pouco em descrédito,
especialmente depois que, num acidente, um desses corpos congelados se partiu
pelo meio. Ainda assim a teoria continua de pé apesar de actualmente só restar
uma empresa de congelamento de corpos nos Estados Unidos.
Aqui temos um exemplo da tentativa
humana de ressuscitar corpos, de ressuscitar outros homens!
Pois bem, nada nos garante que esses
corpos um dia poderão ser ressuscitados, mas ainda assim esses corpos estão bem
conservados e não se desintegram.
Mas e todos os outros corpos que se
desintegram, que desapareceram no pó da terra, como poderão eles ressuscitar
algum dia, como a Bíblia afirma?
Bem, essa era também uma pergunta que
provavelmente estava a ser feita em Corinto: Se há ressurreição com que corpo
ressuscitarão os mortos?
Na verdade esta era apenas uma pergunta
retórica. Pretendia simplesmente argumentar que a ressurreição era impossível,
como se porventura houvesse impossibilidades para Deus. É por isso que Paulo se
dirige aos crentes de Corinto de um modo tão duro, até chocante - INSENSATOS,
no original - LOUCOS, atingindo intensamente os seus sentimentos, a fim de
chamar a atenção deles para a sua argumentação, que tenciona dissipar todas as
dúvidas, e deixar-lhes uma ideia clara acerca da natureza do corpo ressuscitado.
Observemos, então, algumas afirmações
que Paulo faz acerca do corpo ressuscitado:
I - SERÁ UM CORPO DIFERENTE (v. 36-41)
E para que os leitores originais,
pudessem compreender isto melhor, e nós também, Paulo recorreu aqui a várias
analogias, a várias comparações, para nos mostrar que o corpo ressuscitado será
diferente. E a primeira delas é a da semente.
a)Semente (v. 37-38) (reino vegetal)
Paulo afirma: " E, quando semeias, não
semeias o corpo que há de nascer, mas o simples grão, como de trigo, ou doutra
qualquer semente. Mas Deus dá-lhe o corpo como quer, e a cada semente o seu
próprio corpo".
É claro que aquele que coloca a semente
na terra, não a planta conforme ela será depois de ter germinado e crescido.
Do mesmo modo, o corpo da ressurreição
também será diferente, tal como a planta germinada de uma semente é bem
diferente da mesma.
A semente morre para que nasça de novo
no tempo próprio com corpo diferente mas com propriedades semelhantes, isto é,
com a mesma essência. Assim será também o corpo humano da ressurreição.
Mas Paulo faz ainda outra comparação.
b) Carne ( v. 39) (reino animal)
Assim como sucede no campo da vida vegetal,
em que cada semente germina com um tipo de "corpo" ou forma de vida,
assim também se dá no caso da vida animal.
É o que ele diz no v. 39 "Nem toda
a carne é uma mesma carne, mas uma é a carne dos homens, e outra a carne dos animais,
e outra as dos peixes, e outra a das aves".
Conforme o meio para que foi criado,
assim cada animal possui uma espécie de corpo (de carne):
Os peixes têm
um "corpo" adequado ao meio aquático;
As aves têm
um "corpo" adequado ao meio aéreo;
Os animais têm
um "corpo" adequado ao meio terrestre.
O crente, quando ressuscitado, sê-lo-á
para viver num outro ambiente: AS REGIÕES CELESTIAIS, por isso o seu novo corpo
terá de ser diferente. Terá que ser adaptado ao meio em que irá viver.
O Novo
Testamento Interpretado no comentário a este versículo diz o seguinte:
"Deus, na sua sabedoria, sabe dar a cada forma de vida o seu veículo
apropriado, adequado para a sua forma de existência e expressão. Por isso cada
expressão de vida precisa de alguma forma de veículo ou «corpo», a fim de viver
e ser o que é. Portanto, não nos devemos admirar que haja grande diferença
entre o corpo morto e sepultado e o corpo ressurrecto que será levantado dentre
os mortos"*.
Cada corpo tem o seu uso especial como
veículo numa dimensão diferente. Uma vez que o campo de expressão será diferente,
do mesmo modo a natureza do corpo terá que ser diferente.
Paulo faz ainda uma última comparação
para mostrar que o corpo será diferente, a dos:
c) Corpos celestes e terrestres (v.
40-41)
Depois
de ter usado comparações com o reino vegetal e o reino animal, ele passa agora
para o que poderíamos chamar de "reino" cósmico: "E há corpos
celestes e corpos terrestres,
mas
uma é a glória dos celestes e outra a dos terrestres. Uma é a glória do sol, e outra
a glória da lua, e outra a glória das estrelas; porque uma estrela difere em
glória de outra estrela".
Também aqui existe uma diferença entre
os corpos celestes, e os terrestres, e nos celestes até de uns para outros. Do
mesmo modo assim será com a ressurreição, o corpo ressurrecto será diferente
porque terá glória celeste e não terrestre como o anterior.
Paulo, depois de ter acentuado que o
corpo será um corpo diferente, passa a afirmar que o corpo da ressurreição:
II - SERÁ UM CORPO DIFERENTE PARA MELHOR
(V. 42-43)
E ele passa a mostrar-nos que o corpo
da ressurreição será diferente para melhor mostrando-nos as diferenças entre o
corpo actual e o corpo da ressurreição.
Logo no v. 42 ele afirma: "Assim
também a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo em corrupção ressuscitará
em incorrupção".
a)
Corrupção x
incorrupção (v.42)
O presente corpo é corruptível, isto é,
deteriora-se, tanto fisicamente como moralmente; enquanto que no futuro, depois
da ressurreição, será incorruptível, sem degradação, onde nenhuma corrupção
similar haverá.
Na realidade, de dia para dia, "o
corpo vai fenecendo, vai perdendo as suas forças, vai diminuindo a sua
resistência. A morte física é a confirmação e o ponto final desse processo. E
isso é o que o homem mortal é, o que realmente faz contraste com aquele estado
verdadeiramente imortal, próprio do corpo ressuscitado, quando não será
possível nenhuma dissolução dos elementos, onde não haverá qualquer corrupção
do meio ambiente. Assim o corpo ressurrecto será muito superior ao corpo
mortal, quanto à sua duração, quanto à sua esperança e quanto ao tipo e
condições de vida".
b) Desonra x honra (glória) (v. 43a)
"Semeia-se em ignomínia, ressuscitará
em glória"
Este corpo é desonra (ignomínia).
Sentimentos e prisões têm-no manchado, têm-no humilhado, aliás como Paulo
afirma em Filip. 3:21 quando diz: "...Que transformará o nosso corpo
abatido (humilhado), para ser conforme o seu corpo glorioso". A palavra
aqui traduzida por abatido (ou humilhado) é a mesma desta traduzida por
ignomínia.
Nesse estado de humilhação o indivíduo
é realmente "desonrado", visto que por ser um ser espiritual, o homem
realmente não pertence a este mundo. O seu verdadeiro lar é o mundo eterno;
porém foi humilhado até esta existência terrena por causa da sua degradação
espiritual. Na qualidade de indivíduo degradado e sem redenção, o homem merece
o que lhe toca neste mundo; mas isto, na realidade, não representa a sua
verdadeira, ou legítima posição visto que foi criado para ter comunhão com
Deus, para ser filho de Deus, para compartilhar da natureza de filho de Deus.
Por isso no presente ele é desonrado e não glorificado.
Já a ressurreição do corpo mudará tudo
isto, levando o indivíduo a ser "honrado", "glorificado",
conforme a glória que actualmente pertence a Jesus Cristo. O seu corpo será
então livre de paixões e impulsos, consagrando tudo à glória de Deus e sendo
ele mesmo essa própria glória.
c) Fraqueza x poder (v. 43b)
"Semeia-se em fraqueza ressuscitará
com vigor"
O presente corpo é fraco. Por mais que
ele seja exercitado acabará por morrer. Mas o corpo futuro ressuscitará em
poder, o que contrasta com a "fraqueza" do estado físico e mortal da
nossa existência terrena. Não será limitado como este corpo é, mas será
caracterizado pelo poder que foi dado a Cristo: "..É-me dado todo o poder
no céu e na terra" Mat.28:18.
E a seguir Paulo mostra uma outra
qualidade superior do corpo, tão importante que merece ser considerada como
outra afirmação destacável de Paulo acerca do corpo ressurrecto. Este
III - SERÁ UM CORPO DIFERENTE PARA
MELHOR E ESPIRITUAL (V.44-49)
Tanto é assim que Paulo faz uma
consideração toda especial sobre este ponto usando para ilustrá-lo um facto das
próprias Escrituras, ao comparar Cristo com Adão.
No v. 44 ele começa a dizer: "Semeia-se
corpo animal, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo animal há também corpo
espiritual".
Um corpo espiritual! Será que podemos
compreender? Racionalmente é difícil conceber um corpo espiritual, mas de uma
coisa podemos estar certos: se existe corpo animal, existe também corpo
espiritual. E para demonstrá-lo Paulo apela para a relação entre Adão e Cristo,
que tipifica isso.
Adão foi feito alma vivente; Cristo, o
segundo Adão, a natureza espiritual. Mas essa natureza espiritual é tão
superior à física, tal como Cristo é maior do que Adão.
O facto de que Cristo é infinitamente
maior pode ver-se no facto de que Adão nos deu a mortalidade por ser ele um ser
"mortal", mas Cristo nos propicia a imortalidade porque ele não
somente é imortal (desde a sua ressurreição como homem), mas também porque é o
despenseiro da própria vida.
Assim Paulo reafirma: "O primeiro
homem, da terra, é terreno; o segundo homem, o Senhor, é do céu. Qual o
terreno, tais são também os terrenos; e, qual o celestial, tais também os
celestiais. E, assim como trouxemos a imagem do terreno, assim traremos também
a imagem do celestial".
Isto é, o corpo ressurrecto será
espiritual tal como o de Cristo o é. Em última análise, o corpo futuro será
como o de Cristo tal como também afirma o apóstolo João na sua 1ª epístola cap.
3 v. 2:
"Ainda não se manifestou o que
havemos de ser. Sabemos que, quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a
Ele, porque havemos de vê-lo como ele é".
Ou ainda como o próprio Paulo diz aos
Filipenses 3:21: "O qual transformará o nosso corpo de humilhação, para
ser igual ao corpo da sua glória...".
Vejam só, o corpo da ressurreição será:
-
Um corpo
novo, elevado e celestial, totalmente espiritual, apropriado para a existência
nos lugares celestiais;
-
Um corpo
espiritual, não limitado pelo tempo porque eterno, não limitado pelo espaço
porque espiritual;
-
Um corpo
espiritual também semelhante aos dos anjos como diz Jesus em Mateus 22:30
respondendo aos saduceus que diziam não haver ressurreição: "Porque na
ressurreição não se casam nem se dão em casamento; mas serão como os anjos de
Deus no céu".
Não é isto maravilhoso irmãos?
Semelhantes aos anjos no céu na natureza do nosso corpo futuro; semelhantes a
Cristo no seu corpo, um corpo espiritual e cheio de glória!
CONCLUSÃO:
Pois bem, meus irmãos, tudo isto Deus
nos oferece sem que nada mereçamos, mas pelo seu imenso favor. Pela sua imensa
graça ele nos outorgou tais coisas, pelo muito amor com que nos amou, dando o
seu amado e único filho por nós. Ele oferece-nos um corpo diferente deste que
agora possuímos e que nos prende à existência terrena; um corpo feito para
viver nas regiões celestiais, um corpo melhor, incorrupto, que possa permanecer
na presença do Senhor sem ser consumido. Enfim, um corpo espiritual, como o de
Cristo, um corpo "igual ao corpo da sua glória" que será o veículo
perfeito para a alma que também é espiritual.
O homem sem o corpo não é completo,
pois ele foi criado ser espiritual e físico. Não é que ele se sinta infeliz
enquanto, na presença de Cristo, aguarda a ressurreição do seu corpo, mas ele
não é completo. Na ressurreição ele o será, e então terá um corpo apropriado e
adequado à sua existência espiritual. Uma existência completa e feliz na
presença do seu criador, e tudo isto tão somente pelos méritos do nosso
glorioso Salvador, o nosso Senhor Jesus Cristo.
Mas meus irmãos, a que nos devem levar
todos estes conhecimentos acerca da natureza do corpo futuro na ressurreição?
Certamente a fazer o mesmo que Paulo
fez ao concluir este capítulo:
"Mas graças a Deus que nos dá
vitória por nosso Senhor Jesus Cristo".
É isso meus irmãos: Graças a Deus,
glória ao Senhor Jesus! Tudo isto só nos pode levar a louvar o nosso Senhor, a
render-lhe graças por tudo o que ele tem feito e fará por nós.
Mas além de nos levar ao louvor, tais
ensinos levam-nos também a ter a certeza de que o nosso trabalho no Senhor não
é vão, mas que o nosso trabalho de levar as pessoas à salvação em Cristo é um
trabalho que tem uma finalidade que se projecta para a eternidade.
É o que Paulo conclui no v. 58:
"Portanto meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes
na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor".
1.
ALEXANDRE
JR., Manuel, Argumentação Retórica em
Filon de Alexandria. Lisboa: Instituto Nacional de Investigação Científica,
1990.
2.
BITTENCOURT,
B. P. Problemas de uma Igreja Local.
A Igreja de Corinto e a Minha Congregação. Rudge Ramos: Associação Académica
João Wesley, 1962.
3. CHAPLIN, Russell Norman. O Novo
Testamento Interpretado Versículo por Versículo, Volume 4. S.
Paulo: Millenium, p. 1-283.
4. MACK, Burton
L., Rhetoric and the New Testament. Minneapolis:
Augsburg Fortess, 1990
5.
MORRIS, Leon.
I Coríntios. Introdução e Comentário.
S. Paulo: Vida Nova/Mundo Cristão, 1981.
6.
SHEDD, R. P., comp. O Novo Dicionário da
Bíblia, Volume1. S.
Paulo: Vida Nova, p. 325-332.
7.
WAGNER, C. Peter. Se não Tiver Amor.... Estudos de uma Igreja em Crescimento.
Curitiba: Luz e Vida, 1983.
[1] Leon MORRIS, I Coríntios. Introdução e Comentário, p. 11-12.
[2] Leon MORRIS, I Coríntios. Introdução e Comentário, p. 12
[3] Russell Norman CHAPLIN, O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, v. 4, p. 2
[4] Russell Norman CHAPLIN, O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, v. 4, p. 234
[5] Ibid.
[6] Leon MORRIS, I Coríntios, Introdução e Comentário, p. 20.
[7] Burton L. MACK, Rhetoric and the New Testament, p. 56-57
[8] Burton L. MACK, Rhetoric and the New Testament, p. 57
[9] Burton L. MACK, op. cit., p. 57.
[10] Ibid.
[11] Ibid.
[12] Burton MARK, op. cit., p. 57.
[13] Ibid.
[14] Russell N. CHAPLIN, op. cit., p.
258
[15] B. Mack, op. cit., p. 58
[16] B. Mack, op. cit., p. 58
* Russell Norman CHAPLIN, O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, v. 4, p. 262