SEMINÁRIO TEOLÓGICO BATISTA

 

 

 

 

 

 

 

A RESSUREIÇÃO

ANÁLISE DE I CORÍNTIOS 15 SOB PERPECTIVA RETÓRICA

 

 

 

 

 

 

VITOR MANUEL RAMOS BISCAIA

Licenciatura em Teologia

Seminário de Novo Testamento

 

 

 

Queluz, Fevereiro de 1999

 

SUMÁRIO

 

 

INTRODUÇÃO

 

I – SITUAÇÃO E AUTORIA

 

II – GÉNERO E ESTRUTURA

 

III – ANÁLISE E COMENTÁRIO

     3.1 – Da introdução

     3.2 – Da narração

     3.3 – Da argumentação

     3.4 – Da conclusão

 

CONCLUSÃO

 

BIBLIOGRAFIA

 

APÊNDICE: Sermão “A Natureza do Corpo Ressuscitado”

 

 

 


 

INTRODUÇÃO

 

 

A proposta que nos foi feita de analisarmos um trecho do Novo Testamento sob perspectiva retórica, ou recorrendo à hermenêutica retórica é ao mesmo tempo desafiante e apaixonante.

O desafio começa quando os primeiros passos no conhecimento da retórica são dados. Descobrir o manancial de sabedoria cultivada durante séculos na arte de bem falar, e que, durante séculos, caracterizou o ensino tradicional, é um desafio. Dados os primeiros passos fica-nos a sensação da necessidade de aprofundar mais e mais tão rico manancial.

A paixão desabrocha quando, com um texto em mente, este se abre diante de nós pela utilização das ferramentas da retórica. De repente quedamo-nos surpresos diante da abundância de figuras e padrões de argumentação retórica, que sempre estiveram lá, e que nunca antes tínhamos visto.

Ao olharmos para trás, para a história, parece inacreditável que alguma vez tivéssemos virado as costas de forma tão definitiva a um facto tão lógico como é este que agora nos faz voltar às origens. Tendo os escritores do Novo Testamento aprendido a escrever e a discursar segundo o método da época, e sendo que esse método era o método retórico, o mais natural e lógico será ler esses textos sob a mesma luz em que foram produzidos, ou seja, segundo o método retórico. Foi assim que estes textos foram entendidos pelos cristãos primitivos. Os primeiros pais da Igreja não conheceram outra forma de encarar estes textos que fizesse sentido, senão como textos de composição retórica. E assim foi não só no princípio, mas até aos primeiros tempos do período da Reforma. Por isso o que nos surpreende agora, foi algo muito natural e até mesmo necessário, até ao final do século passado.

É consciente das limitações que a um iniciante assistem, e numa mistura de desafio e paixão, que decidimos entrar pelo texto de Paulo aos Coríntios, no capítulo 15, procurando trazer luz sobre o mesmo usando os candeeiros do passado recuperados no presente.

Procuraremos situar este texto no contexto da epístola, e esta no contexto da época e da situação em que o seu autor o produziu. Daí passaremos para a definição do género e da estrutura deste discurso, e depois para a sua análise e comentário. Terminaremos com uma tentativa de aplicação prática do trabalho produzido.

 


 

 

 

 

     I – SITUAÇÃO E AUTORIA

 

A epístola aos Coríntios é uma epístola aos crentes habitantes de uma das cidades mais cosmopolita de então. A localização desta cidade fazia dela um ponto estratégico na rota comercial de Roma para o Oriente, mas não só, pois ali se cruzavam várias outras rotas comerciais. Destruída pelos romanos em 146 a. C., viu-se reerguida como colónia romana um século mais tarde.

A sua população, constituída inicialmente por romanos, foi-se alargando para incluir gregos, judeus e outras raças orientais. Embora fosse uma cidade romana, os hábitos gregos de pensamento tornaram-se dominantes como se percebe pelas “questões levantadas na correspondência de Paulo com os Coríntios, e pela maneira como são tratadas”[1].

A principal característica desta cidade, e pela qual ficou conhecida, era a licenciosidade. Leon Morris descreve-a como cosmopolita, importante, intelectualmente viva, materialmente próspera e moralmente corrupta. “Os seus habitantes eram pronunciadamente propensos a satisfazer os seus desejos, fossem de que espécie fossem”[2]. Isso explica em parte porque é que Paulo enfrentou tantos problemas com os crentes desta cidade. Tendo estado naquela cidade por duas vezes, segundo o relato de Atos 18 e 20:1-3, manteve correspondência com aquela Igreja em várias ocasiões. Deles recebeu várias cartas, e das que lhes escreveu, duas chegaram até nós.

O trabalho de Paulo entre os coríntios começou na sinagoga, mas a sua pregação não foi bem aceite. Ele teve que abandonar a sinagoga e passar a reunir-se na casa de Justo que ficava ao lado. Ainda assim alguns judeus se converteram, entre eles o principal da sinagoga e Áquila e Príscila (embora estes possam ter-se convertido anteriormente). Mas a grande maioria dos crentes proveio de coríntios anteriormente pagãos.

A nossa primeira carta de Paulo aos Coríntios não foi realmente a primeira que lhes escreveu como vemos em I Cor. 5:9. Foi escrita de Éfeso, provavelmente um ano depois da sua chegada ali, ou seja, no ano de 55 A. D.[3], com o objectivo de condenar as divisões que ali estavam surgindo (de que teve conhecimento pela família de Cloé (I Co. 1:11), repreendê-los pela contemporização deles para com os problemas morais existentes entre eles e para responder a várias perguntas que eles lhe tinham colocado (I Co. 7:1). É certamente no âmbito destas respostas que podemos enquadrar o capítulo 15, objecto do nosso estudo. Dúvidas estavam a ser levantadas quanto à realidade da ressurreição. Pelos vistos haveria ou estaria a ser ensinado um certo cepticismo filosófico que se revelava contrário sobretudo a doutrinas bíblicas como esta da ressurreição.

Os gregos há muito que ensinavam a imortalidade da alma, e esta ideia era mais ou menos respeitada na cultura grega. Mas os ensinamentos dos judeus sobre a ressurreição dos mortos, na sua maior parte continham noções estranhas para os gregos. É verdade que o gregos tinham, nalguns dos seus mitos, narrações sobre ressurreições, mas mesmos esses mitos não deviam estar a ser levados muito a sério por esta altura, além de que eles faziam parte da religião pagã e não da filosofia grega[4].

Certo é que Paulo sentiu necessidade de abordar o assunto e esclarecer as coisas. Que pessoa ou que grupos estariam por detrás deste problema de incredulidade, não temos dados suficientes para saber. O Novo Testamento Interpretado apresenta três hipóteses com base em outros textos do Novo Testamento:

1)     Poderiam ser judeus saduceus, ou discípulos seus (Ex. Mat. 22:23)

2)     Poderiam ser crentes que imaginavam que a ressurreição já ocorrera não havendo razão para esperança futura (Ex.: II Tim. 2:17,18)

3)     Ou as classes intelectuais, ou aqueles por elas influenciados que, como os habitantes de Atenas, zombavam da ideia da ressurreição (Ex.: Atos 17:32).[5]

O mais provável é que todas estas ideias juntas, dos saduceus, de Himneu e Fileto, e dos intelectuais de Atenas, tenham formado o ambiente necessário ao surgimento da incredulidade na ressurreição dos mortos.

Quanto à autoria desta epístola, existe uma unanimidade quase total. Leon Morris cita Robertson e Plummer que escrevem: “Tanto as provas externas como as internas em prol da autoria paulina são tão fortes, que os que tentam mostrar que o apóstolo não é o autor conseguem provar principalmente a sua incompetência como críticos”[6]. Diante desta unanimidade, ficamos por aqui quanto à questão da autoria.

 


 

 

 

 

     II – GÉNERO E ESTRUTURA

 

Na definição da estrutura retórica deste capítulo não deixamos de evidenciar uma certa, ou quase total, colagem à estrutura apresentada por Burton Mack. Em parte, tal deriva de estarmos a dar os primeiros passos na análise retórica e não possuirmos portanto o traquejo que eventualmente nos poderia levar à descoberta de um padrão diferente do apresentado por tão renomado autor. Por outro lado, ainda que tal capacidade de domínio da análise retórica nos assistisse, dificilmente chegaríamos a uma estrutura diferente uma vez que este tem sido considerado um texto paradigmático em termos de estrutura retórica por reflectir aquilo que B. Mack diz ser um “perfeito exemplo de retórica” [7].

A nossa própria experiência em aula confirma a precedente afirmação. Tendo optado primeiramente por um trabalho sobre Efésios quando nada ainda sabíamos sobre hermenêutica retórica logo I Cor. 15 brilhou em nossa mente e se tornou opção definitiva assim que, apresentados aos “modelos de argumentação” estes foram por nós assimilados.

 

O género deste discurso de Paulo é sem dúvida deliberativo. No entanto Paulo usa aqui algumas estratégias do modelo forense, por exemplo, ao antecipar perguntas dos seus opositores como no versículo 35, o que, segundo B. Mack, só reforça o argumento de Paulo.

É por isso não muito difícil verificar a existência de um proémio nos v. 1 e 2, uma narração dos v. 3 a 20, a argumentação dos v. 21 a 50 e uma conclusão a partir do v. 51 que termina com a admoestação do v. 58.

 


 

 

 

 

     III – ANÁLISE E COMENTÁRIO

 

3.1. A introdução dos v. 1 e 2 contém os elementos clássicos do proémio do discurso oratório: Assim reconhece-se a situação, que neste caso se constitui na necessidade de lembrança do evangelho que ele, Paulo, já anteriormente tinha anunciado e que estava a ser deturpado pela omissão de aspectos fundamentais; Definem-se os ouvintes como sendo aqueles que tinham recebido esse evangelho anunciado, e no qual ainda permaneciam, pelo que Paulo os trata por irmãos; E apresenta-se o autor, aquele que anuncia o evangelho.

Paulo não se estende aqui na apresentação da sua pessoa o que se compreende porque, embora este discurso tenha uma unidade própria, não deixa de estar inserido no todo mais alargado da epístola e, no início desta (1º capítulo), ele já tinha dissertado mais alargadamente sobre a sua pessoa e seu proceder (ministério) ficando aí claramente definida a “ethos do orador”.

 

3.2. A partir do v. 3 desenvolve-se a narração que resulta da introdução quase necessariamente tal é a força do encadeamento crescente das frases anteriores. Paulo tinha-lhes anunciado o evangelho:

“o qual também recebestes

e no qual também permaneceis

pelo qual também sois salvos”

Tudo isto se retivessem o evangelho tal como ele o havia anunciado. Doutra forma estariam a crer em vão.

Paulo passa então a narrar como é que a pregação do evangelho, incluindo a ressurreição de Cristo, chegara até eles. Começa com a morte de Cristo e a razão que a originou (os nossos pecados) para logo atingir a questão a tratar e que é fulcral no evangelho: A ressurreição de Cristo. Afirma-a e narra uma série de testemunhos oculares: de Pedro, dos doze, de quinhentos irmãos, de Tiago, de todos os apóstolos, e, finalmente, dele próprio; para então rematar - foi assim que pregámos, e foi assim que vocês creram, e assim passa à formulação do problema: “Alguns dizem que não há ressurreição de mortos”.

A questão é então, como observa B. Mack[8] “a ressurreição de mortos” e não a ressurreição de Cristo, chamando a atenção para a forma como Paulo usa uma série de argumentos dependentes em cadeia (sorites) para encadear a sua argumentação a partir do evangelho apresentado (kerygma) até à ressurreição de mortos, por forma a assegurar que não era a proclamação do evangelho (kerygma) que estava em causa, mas sim a ressurreição de mortos. Por isso parte da observação de que “se não há ressurreição de mortos, também Cristo não ressuscitou” para encadear

 

a sequência:

“Se Cristo não ressuscitou, a pregação é vã.

Se a pregação é vã, então a vossa fé é vã.

Se a fé é vã, então ainda permaneceis nos vossos pecados.

Se o pecado é vitorioso, então os mortos estão perdidos.

Se este é o caso, então somos miseráveis (dignos de dó)”[9].

Esta sequência termina com uma nota emocional (patética) “Cristo ressuscitou dos mortos” v.20a, o que, segundo B. Mack “mostra que o argumento de Paulo tem a intenção, não de dar razões para a fidedignidade do kerygma mas, de o proteger de qualquer questionamento”[10], deixando ainda nas entrelinhas a “insinuação de culpa de falso testemunho perante Deus se Deus de facto não ressuscitou Jesus como os apóstolos tinham testificado”[11].

E desta forma Paulo dá lugar à formulação da sua tese baseado no facto da ressurreição de Cristo: Cristo ressuscitou e foi feito as primícias dos que dormem.

 

3.3. A argumentação de Paulo por forma a demonstrar a sua tese desenvolve-se a partir do v. 21 iniciando com uma comparação paradigmática entre Adão e Cristo em que uma semelhança e um contraste são estabelecidos. Essa comparação fica ainda mais evidente pelo paralelismo observado entre os v. 21 e 22.

A morte veio por um homem    a ressurreição veio por um homem

Todos morrem em Adão         todos são vivificados em Cristo

 

Este é um bom exemplo onde análise retórica e o reconhecimento do uso das figuras de linguagem retórica pode ajudar na interpretação de certas dificuldades textuais. É o caso da frase “todos são vivificados em Cristo” que tem sido interpretada por alguns como apoio para o universalismo (todos serão salvos). Ora há muito mais legitimidade para interpretar “vivificados” como sinónimo de ressuscitados do que de salvos. Os termos são paralelos nesta estrutura. Atribuir significado diferente a cada um destes termos quebraria a lógica da argumentação e o equilíbrio da estrutura.

Voltando à linha de argumentação de Paulo, Adão e Cristo são aqui apresentados como símbolos corporativos ou cabeças federais da raça humana e a semelhança e o contraste estabelecidos. A semelhança é que ambos são símbolos corporativos: por um veio a morte, por um veio a ressurreição. O contraste está no que cada um traz: um a morte, outro a ressurreição. O que é exemplo da argumentação pelo seu contrário: se um trouxe a morte o outro traz a ressurreição. Adão ao morrer foi precursor da morte que passou a todos os homens. Cristo ao ressuscitar é precursor (ou primícias, na expressão de Paulo) da ressurreição. Ou seja, por analogia com Adão, Cristo é tanto as primícias dos que estão mortos e irão ressuscitar, como Adão foi o primeiro dos que estavam vivos e viriam a morrer.

Deste argumento, Paulo parte para a descrição de uma série de eventos escatológicos pela ordem em que irão ocorrer, que começam com a ressurreição de Cristo (as primícias), voltando a usar, diz B. Mack, “outra sorites, consistindo esta de uma série ordenada de eventos escatológicos”[12]. Essa série prossegue com a ressurreição  dos mortos, depois com a celebração da vitória de Cristo e do seu reino sobre todos os inimigos, e culmina com a grande sujeição de todas as coisas a Deus. Um crescendo de intensidade que B. Mack define como apelando “claramente a um senso de exuberante vindicação”[13] que atinge intencionalmente a “pathos” do leitor (ouvinte).

Paulo prossegue com a sua argumentação incluindo três exemplos, duas analogias e uma citação, seguindo assim a estrutura clássica de argumentação no discurso retórico.

Os exemplos são colocados em forma de perguntas retóricas. Se os mortos não ressuscitam, porque se baptizarão pelos mortos aqueles que o fazem? Porque haverá ele, Paulo, de enfrentar perigos constantes? De que lhe adianta enfrentar as bestas em Éfeso? B. Mack diz ser esta a parte mais fraca na argumentação de Paulo por serem estes exemplos mais questões do que provas, mas que Paulo, para os fazer aparecer como importantes exemplos de suporte para a fé na ressurreição, imediatamente introduziu o contraste com aqueles que só se preocupam em comer, beber e gozar a vida, passando a citar uma advertência de Menandro, um autor pagão que expressou rica sabedoria prática, extraída da sua comédia denominada “Thais” (300 a. C.)[14]: As más companhias corrompem os bons costumes”. E esta linha de argumentação através de exemplos termina com o veemente apelo do v. 34 que é mais um exemplo do uso que Paulo faz da pathos para reforçar um argumento mais fraco[15].

Seguem-se as analogias que surgem na sequência da antecipação de uma eventual objecção dos seus ouvintes: “Como ressuscitarão os mortos? e com que corpo virão?”

A primeira é a da semente. A planta não nasce se primeiro a semente não morrer. A ressurreição prova-se pela ordem inversa: porque a morte veio, a ressurreição virá. Se isto responde à primeira pergunta, o versículo seguinte responde, também por analogia, à segunda. O corpo com que ressuscitaremos será diferente, de alguma forma, daquele que tínhamos, tal como a planta que nasce não é exactamente como a semente que, morrendo, lhe deu origem. Este raciocínio leva Paulo à analogia dos diferentes tipos de corpos.

Nesta linha de argumentação Paulo parte da distinção entre vários tipos de corpos (carne dos homens, carne dos animais, carne dos peixes, carne das aves) para a distinção entre corpos terrestres e corpos celestes, a fim de chegar, por analogia, à distinção entre corpo físico e corpo espiritual, através de uma série de antíteses que juntam as figuras de corpo e semente:

 

Semeia-se o corpo em corrupção ressuscitará em incorrupção

                 ignomínia               glória

                 fraqueza                vigor

                 animal              espiritual

 

A argumentação de Paulo termina com uma citação de Gen. 2:7 que vem mesmo a encaixar nesta sequência uma vez que relata como o homem, vindo do pó da terra, se torna alma vivente. Só que essa citação levanta um problema. Como B. Mack bem lembra, este argumento não é melhor do que a analogia da semente, uma vez que o ser vivente não é o corpo ressuscitado[16]. Além disso, Paulo já se tinha referido anteriormente a Adão (na formulação da tese) como aquele que tinha trazido a morte e não a vida. A estratégia de Paulo para ultrapassar estas questões embaraçosas é introduzir a necessidade de um arranjo sequencial

primeiro o animal                  /  depois o espiritual
primeiro o homem da terra          /  segundo o homem do céu
como o terreno os terrenos         /  como o celestial os celestiais
como trouxemos a imagem do terreno /  assim traremos a imagem do celestial

 

e fechar a argumentação com a declaração de que “a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herda incorrupção” v. 50.

 

3.3. A conclusão do discurso de Paulo começa com uma descrição escatológica da ressurreição. Tudo começará ao soar a última trombeta. Os mortos ressuscitarão e os vivos serão transformados. A ressurreição, como Paulo acabou de provar, já implica um corpo incorruptível, mas no caso dos vivos, que, não passando pela morte não passam pela ressurreição, há necessidade de uma transformação. É necessário que o “corruptível se revista da incorruptibilidade e o que é mortal se revista da imortalidade” v. 53. Prossegue com uma citação da profecia de Isaías (25:8) e da profecia de Oseias (13:14) que terá o seu cumprimento exactamente quando os acontecimentos atrás descritos se derem. Será o fim da morte e a vitória sobre o inferno e o pecado.

Esta empolgada declaração de vitória faz Paulo terminar com uma palavra de acção de graças a Deus e leva à exortação final do v. 58 “Portanto meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor”.


 

CONCLUSÃO

 

 

Para quem, pela primeira vez, tem contacto com a análise retórica, não deixa de ser surpreendente verificar como cada parte, cada versículo, cada frase num discurso como o que acabámos de realizar, cumpre os requisitos e propósitos da argumentação retórica. Tudo parece ter sido cuidadosamente elaborado a fim de se conformar com as regras pré-definidas da teoria retórica clássica, e é interessante como tudo flui, desde a afirmação da tese, sua argumentação e defesa, até à conclusão e exortação final.

Este capítulo sempre tem sido considerado como belo e tremendo por todos os comentaristas e críticos independentemente das escolas a que pertencem. A presente análise levou-nos a perceber até que ponto a forma como este capítulo está escrito, ou seja a sua estrutura retórica, as analogias, os exemplos, os paralelismos, as citações, etc., contribui para essa beleza.

Ainda assim não podemos esquecer o aspecto da inspiração. Se para alguns esse aspecto fica completamente à margem das suas elaborações críticas, e apenas o homem Paulo é feito sobressair pela habilidade humana de trabalhar com palavras e argumentos, para nós, cremos que o Espírito Santo teve um papel muito importante potencializando as capacidades naturais e intelectuais do apóstolo. Paulo evidencia estar consciente desse facto como o demonstram as afirmações como as do capítulo 2:

“quando fui ter convosco... não fui com sublimidade de palavras...” v.1.

 

“A minha palavra e a minha pregação não consistiu em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e poder” v. 4.

 

“... também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina...” v. 13.

 

Mas se a análise retórica se mostra uma mui útil ferramenta para a desmontagem e compreensão de um texto que foi originalmente construído retoricamente, igualmente se tornará útil na sua reconstrução para retransmissão contemporânea.

É na tentativa de demonstração dessa utilidade que produzimos o sermão anexo a este trabalho que parte da pergunta, antecipada por Paulo, dos seus opositores: “Como ressuscitarão os mortos? E com que corpo virão?”. Concentrámo-nos na segunda parte da pergunta “com que corpo virão?” e fizemos o sermão responder à mesma. Utilizámos a gradação visível no uso das analogias para a elaboração dos tópicos e fizemos com que estes reflectissem esse crescendo de intensidade elaborando-os de modo a que cada tópico, depois do primeiro, repetisse o anterior e acrescentasse mais informação. Usámos as analogias da semente e dos vários tipos de corpos como sub tópicos para desenvolvimento do primeiro tópico, as antíteses dos versículos 42 e 43 como sub tópicos para desenvolvimento do segundo tópico, e as citações de Génesis e a comparação entre Adão e Cristo para desenvolvimento do último tópico. Na conclusão do sermão utilizámos as acções de graças do v. 57 e a exortação do v. 58.

 


 

APÊNDICE

 

RESSURREIÇÃO

 

A Natureza do Corpo Ressuscitado

 

I Cor. 15:35-49

 

INTRODUÇÃO:

Há alguns anos atrás tive a oportunidade de ver uma reportagem televisiva sobre o congelamento de corpos.

Um médico Norte Americano apresentou há uns bons anos atrás a tese de que se uma pessoa fosse congelada depois de sua morte, mas antes da morte clínica, isto é depois do seu coração parar, mas antes das suas células cerebrais serem destruídas, (o que começa a acontecer a partir de vinte minutos após a paragem do coração) essa pessoa poderia ser ressuscitada posteriormente, quando houvesse cura para a doença que a houvera vitimado.

Tal teoria caiu um pouco em descrédito, especialmente depois que, num acidente, um desses corpos congelados se partiu pelo meio. Ainda assim a teoria continua de pé apesar de actualmente só restar uma empresa de congelamento de corpos nos Estados Unidos.

Aqui temos um exemplo da tentativa humana de ressuscitar corpos, de ressuscitar outros homens!

Pois bem, nada nos garante que esses corpos um dia poderão ser ressuscitados, mas ainda assim esses corpos estão bem conservados e não se desintegram.

Mas e todos os outros corpos que se desintegram, que desapareceram no pó da terra, como poderão eles ressuscitar algum dia, como a Bíblia afirma?

Bem, essa era também uma pergunta que provavelmente estava a ser feita em Corinto: Se há ressurreição com que corpo ressuscitarão os mortos?

Na verdade esta era apenas uma pergunta retórica. Pretendia simplesmente argumentar que a ressurreição era impossível, como se porventura houvesse impossibilidades para Deus. É por isso que Paulo se dirige aos crentes de Corinto de um modo tão duro, até chocante - INSENSATOS, no original - LOUCOS, atingindo intensamente os seus sentimentos, a fim de chamar a atenção deles para a sua argumentação, que tenciona dissipar todas as dúvidas, e deixar-lhes uma ideia clara acerca da natureza do corpo ressuscitado.

Observemos, então, algumas afirmações que Paulo faz acerca do corpo ressuscitado:

 

I - SERÁ UM CORPO DIFERENTE (v. 36-41)

E para que os leitores originais, pudessem compreender isto melhor, e nós também, Paulo recorreu aqui a várias analogias, a várias comparações, para nos mostrar que o corpo ressuscitado será diferente. E a primeira delas é a da semente.

a)Semente (v. 37-38)    (reino vegetal)

     Paulo afirma: " E, quando semeias, não semeias o corpo que há de nascer, mas o simples grão, como de trigo, ou doutra qualquer semente. Mas Deus dá-lhe o corpo como quer, e a cada semente o seu próprio corpo".

É claro que aquele que coloca a semente na terra, não a planta conforme ela será depois de ter germinado e crescido.

Do mesmo modo, o corpo da ressurreição também será diferente, tal como a planta germinada de uma semente é bem diferente da mesma.

A semente morre para que nasça de novo no tempo próprio com corpo diferente mas com propriedades semelhantes, isto é, com a mesma essência. Assim será também o corpo humano da ressurreição.

Mas Paulo faz ainda outra comparação.

 

b) Carne ( v. 39)    (reino animal)

     Assim como sucede no campo da vida vegetal, em que cada semente germina com um tipo de "corpo" ou forma de vida, assim também se dá no caso da vida animal.

É o que ele diz no v. 39 "Nem toda a carne é uma mesma carne, mas uma é a carne dos homens, e outra a carne dos animais, e outra as dos peixes, e outra a das aves".

Conforme o meio para que foi criado, assim cada animal possui uma espécie de corpo (de carne):

Os peixes têm um "corpo" adequado ao meio aquático;

As aves têm um "corpo" adequado ao meio aéreo;

Os animais têm um "corpo" adequado ao meio terrestre.

O crente, quando ressuscitado, sê-lo-á para viver num outro ambiente: AS REGIÕES CELESTIAIS, por isso o seu novo corpo terá de ser diferente. Terá que ser adaptado ao meio em que irá viver.

O Novo Testamento Interpretado no comentário a este versículo diz o seguinte: "Deus, na sua sabedoria, sabe dar a cada forma de vida o seu veículo apropriado, adequado para a sua forma de existência e expressão. Por isso cada expressão de vida precisa de alguma forma de veículo ou «corpo», a fim de viver e ser o que é. Portanto, não nos devemos admirar que haja grande diferença entre o corpo morto e sepultado e o corpo ressurrecto que será levantado dentre os mortos"*.

Cada corpo tem o seu uso especial como veículo numa dimensão diferente. Uma vez que o campo de expressão será diferente, do mesmo modo a natureza do corpo terá que ser diferente.

Paulo faz ainda uma última comparação para mostrar que o corpo será diferente, a dos:

 

c) Corpos celestes e terrestres (v. 40-41)

          Depois de ter usado comparações com o reino vegetal e o reino animal, ele passa agora para o que poderíamos chamar de "reino" cósmico: "E há corpos celestes e corpos terrestres,

mas uma é a glória dos celestes e outra a dos terrestres. Uma é a glória do sol, e outra a glória da lua, e outra a glória das estrelas; porque uma estrela difere em glória de outra estrela".

Também aqui existe uma diferença entre os corpos celestes, e os terrestres, e nos celestes até de uns para outros. Do mesmo modo assim será com a ressurreição, o corpo ressurrecto será diferente porque terá glória celeste e não terrestre como o anterior.

Paulo, depois de ter acentuado que o corpo será um corpo diferente, passa a afirmar que o corpo da ressurreição:

 

II - SERÁ UM CORPO DIFERENTE PARA MELHOR (V. 42-43)

E ele passa a mostrar-nos que o corpo da ressurreição será diferente para melhor mostrando-nos as diferenças entre o corpo actual e o corpo da ressurreição.

Logo no v. 42 ele afirma: "Assim também a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo em corrupção ressuscitará em incorrupção".

 

a)     Corrupção x incorrupção (v.42)

     O presente corpo é corruptível, isto é, deteriora-se, tanto fisicamente como moralmente; enquanto que no futuro, depois da ressurreição, será incorruptível, sem degradação, onde nenhuma corrupção similar haverá.

Na realidade, de dia para dia, "o corpo vai fenecendo, vai perdendo as suas forças, vai diminuindo a sua resistência. A morte física é a confirmação e o ponto final desse processo. E isso é o que o homem mortal é, o que realmente faz contraste com aquele estado verdadeiramente imortal, próprio do corpo ressuscitado, quando não será possível nenhuma dissolução dos elementos, onde não haverá qualquer corrupção do meio ambiente. Assim o corpo ressurrecto será muito superior ao corpo mortal, quanto à sua duração, quanto à sua esperança e quanto ao tipo e condições de vida".

 

b) Desonra x honra (glória)  (v. 43a)

     "Semeia-se em ignomínia, ressuscitará em glória"

Este corpo é desonra (ignomínia). Sentimentos e prisões têm-no manchado, têm-no humilhado, aliás como Paulo afirma em Filip. 3:21 quando diz: "...Que transformará o nosso corpo abatido (humilhado), para ser conforme o seu corpo glorioso". A palavra aqui traduzida por abatido (ou humilhado) é a mesma desta traduzida por ignomínia.

Nesse estado de humilhação o indivíduo é realmente "desonrado", visto que por ser um ser espiritual, o homem realmente não pertence a este mundo. O seu verdadeiro lar é o mundo eterno; porém foi humilhado até esta existência terrena por causa da sua degradação espiritual. Na qualidade de indivíduo degradado e sem redenção, o homem merece o que lhe toca neste mundo; mas isto, na realidade, não representa a sua verdadeira, ou legítima posição visto que foi criado para ter comunhão com Deus, para ser filho de Deus, para compartilhar da natureza de filho de Deus. Por isso no presente ele é desonrado e não glorificado.

Já a ressurreição do corpo mudará tudo isto, levando o indivíduo a ser "honrado", "glorificado", conforme a glória que actualmente pertence a Jesus Cristo. O seu corpo será então livre de paixões e impulsos, consagrando tudo à glória de Deus e sendo ele mesmo essa própria glória.

 

c) Fraqueza x poder  (v. 43b)

     "Semeia-se em fraqueza ressuscitará com vigor"

O presente corpo é fraco. Por mais que ele seja exercitado acabará por morrer. Mas o corpo futuro ressuscitará em poder, o que contrasta com a "fraqueza" do estado físico e mortal da nossa existência terrena. Não será limitado como este corpo é, mas será caracterizado pelo poder que foi dado a Cristo: "..É-me dado todo o poder no céu e na terra" Mat.28:18.

E a seguir Paulo mostra uma outra qualidade superior do corpo, tão importante que merece ser considerada como outra afirmação destacável de Paulo acerca do corpo ressurrecto. Este

 

III - SERÁ UM CORPO DIFERENTE PARA MELHOR E ESPIRITUAL (V.44-49)

Tanto é assim que Paulo faz uma consideração toda especial sobre este ponto usando para ilustrá-lo um facto das próprias Escrituras, ao comparar Cristo com Adão.

No v. 44 ele começa a dizer: "Semeia-se corpo animal, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo animal há também corpo espiritual".

Um corpo espiritual! Será que podemos compreender? Racionalmente é difícil conceber um corpo espiritual, mas de uma coisa podemos estar certos: se existe corpo animal, existe também corpo espiritual. E para demonstrá-lo Paulo apela para a relação entre Adão e Cristo, que tipifica isso.

Adão foi feito alma vivente; Cristo, o segundo Adão, a natureza espiritual. Mas essa natureza espiritual é tão superior à física, tal como Cristo é maior do que Adão.

O facto de que Cristo é infinitamente maior pode ver-se no facto de que Adão nos deu a mortalidade por ser ele um ser "mortal", mas Cristo nos propicia a imortalidade porque ele não somente é imortal (desde a sua ressurreição como homem), mas também porque é o despenseiro da própria vida.

Assim Paulo reafirma: "O primeiro homem, da terra, é terreno; o segundo homem, o Senhor, é do céu. Qual o terreno, tais são também os terrenos; e, qual o celestial, tais também os celestiais. E, assim como trouxemos a imagem do terreno, assim traremos também a imagem do celestial".

Isto é, o corpo ressurrecto será espiritual tal como o de Cristo o é. Em última análise, o corpo futuro será como o de Cristo tal como também afirma o apóstolo João na sua 1ª epístola cap. 3 v. 2:

"Ainda não se manifestou o que havemos de ser. Sabemos que, quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque havemos de vê-lo como ele é".

Ou ainda como o próprio Paulo diz aos Filipenses 3:21: "O qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória...".

Vejam só, o corpo da ressurreição será:

-         Um corpo novo, elevado e celestial, totalmente espiritual, apropriado para a existência nos lugares celestiais;

-         Um corpo espiritual, não limitado pelo tempo porque eterno, não limitado pelo espaço porque espiritual;

-         Um corpo espiritual também semelhante aos dos anjos como diz Jesus em Mateus 22:30 respondendo aos saduceus que diziam não haver ressurreição: "Porque na ressurreição não se casam nem se dão em casamento; mas serão como os anjos de Deus no céu".

Não é isto maravilhoso irmãos? Semelhantes aos anjos no céu na natureza do nosso corpo futuro; semelhantes a Cristo no seu corpo, um corpo espiritual e cheio de glória!

 

CONCLUSÃO:

Pois bem, meus irmãos, tudo isto Deus nos oferece sem que nada mereçamos, mas pelo seu imenso favor. Pela sua imensa graça ele nos outorgou tais coisas, pelo muito amor com que nos amou, dando o seu amado e único filho por nós. Ele oferece-nos um corpo diferente deste que agora possuímos e que nos prende à existência terrena; um corpo feito para viver nas regiões celestiais, um corpo melhor, incorrupto, que possa permanecer na presença do Senhor sem ser consumido. Enfim, um corpo espiritual, como o de Cristo, um corpo "igual ao corpo da sua glória" que será o veículo perfeito para a alma que também é espiritual.

O homem sem o corpo não é completo, pois ele foi criado ser espiritual e físico. Não é que ele se sinta infeliz enquanto, na presença de Cristo, aguarda a ressurreição do seu corpo, mas ele não é completo. Na ressurreição ele o será, e então terá um corpo apropriado e adequado à sua existência espiritual. Uma existência completa e feliz na presença do seu criador, e tudo isto tão somente pelos méritos do nosso glorioso Salvador, o nosso Senhor Jesus Cristo.

 

Mas meus irmãos, a que nos devem levar todos estes conhecimentos acerca da natureza do corpo futuro na ressurreição?

Certamente a fazer o mesmo que Paulo fez ao concluir este capítulo:

"Mas graças a Deus que nos dá vitória por nosso Senhor Jesus Cristo".

É isso meus irmãos: Graças a Deus, glória ao Senhor Jesus! Tudo isto só nos pode levar a louvar o nosso Senhor, a render-lhe graças por tudo o que ele tem feito e fará por nós.

Mas além de nos levar ao louvor, tais ensinos levam-nos também a ter a certeza de que o nosso trabalho no Senhor não é vão, mas que o nosso trabalho de levar as pessoas à salvação em Cristo é um trabalho que tem uma finalidade que se projecta para a eternidade.

É o que Paulo conclui no v. 58: "Portanto meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor".

 

 


 

BIBLIOGRAFIA

 

 

1.  ALEXANDRE JR., Manuel, Argumentação Retórica em Filon de Alexandria. Lisboa: Instituto Nacional de Investigação Científica, 1990.

2.  BITTENCOURT, B. P. Problemas de uma Igreja Local. A Igreja de Corinto e a Minha Congregação. Rudge Ramos: Associação Académica João Wesley, 1962.

3.  CHAPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, Volume 4. S. Paulo: Millenium, p. 1-283.

4.  MACK, Burton L., Rhetoric and the New Testament. Minneapolis: Augsburg Fortess, 1990

5.  MORRIS, Leon. I Coríntios. Introdução e Comentário. S. Paulo: Vida Nova/Mundo Cristão, 1981.

6.  SHEDD, R. P., comp. O Novo Dicionário da Bíblia, Volume1. S. Paulo: Vida Nova, p. 325-332.

7.  WAGNER, C. Peter. Se não Tiver Amor.... Estudos de uma Igreja em Crescimento. Curitiba: Luz e Vida, 1983.

 



[1] Leon MORRIS, I Coríntios. Introdução e Comentário, p. 11-12.

[2] Leon MORRIS, I Coríntios. Introdução e Comentário, p. 12

[3] Russell Norman CHAPLIN, O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, v. 4, p. 2

[4] Russell Norman CHAPLIN, O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, v. 4, p. 234

[5] Ibid.

[6] Leon MORRIS, I Coríntios, Introdução e Comentário, p. 20.

[7] Burton L. MACK, Rhetoric and the New Testament, p. 56-57

[8] Burton L. MACK, Rhetoric and the New Testament, p. 57

[9] Burton L. MACK, op. cit., p. 57.

[10] Ibid.

[11] Ibid.

[12] Burton MARK, op. cit., p. 57.

[13] Ibid.

[14] Russell N. CHAPLIN, op. cit., p. 258

[15] B. Mack, op. cit., p. 58

[16] B. Mack, op. cit., p. 58

* Russell Norman CHAPLIN, O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, v. 4, p. 262